Depois de uma caminhada sinodal como a Igreja nunca tinha feito, com uma consulta real a todo o mundo católico e a realização de dois sínodos dos bispos com um ano de diferença sobre o mesmo tema, a Família, o Papa Francisco não quer perder tempo e já está a preparar a realização de um novo sínodo.

Este enfâse na sinodalidade recebeu elogios de quase todos os participantes nos dois últimos sínodos sobre a família, e Francisco quer tornar real este seu desejo de uma igreja sinodal, expresso em várias das suas intervenções, em que afirmou que «uma igreja sinodal é uma igreja em escuta» e que «só na medida em que estes [sínodos] permanecerem ligados à base e partirem do povo é que pode começar a formar uma igreja sinodal».
Coerente com esta medida, Francisco começou por escutar o setor da Igreja mais perto de si: os cardeais. Segundo fontes próximas ao Vaticano revelaram à Família Cristã, no último consistório de cardeais, realizado no final do mês de junho, os cardeais foram convidados a ficar cerca de duas horas depois do fim do consistório para, com Francisco, debaterem ideias sobre o tema para o próximo sínodo.
Em cima da mesa, sabe a Família Cristã, ficaram três temas principais: a família, a juventude e a paz no mundo. A Família é um tema muito querido pelo Papa, e foram várias as vozes que fizeram saber ao Papa que, embora muito debatido e aprofundado na anterior caminhada sinodal, este era um tema que merecia mais reflexão da Igreja universal. A juventude é também um tema forte, já que é nas bases que a Igreja perde grande parte dos seus fiéis. Não há linguagem para os jovens, e muitas vezes a oferta pastoral não vai ao encontro dos desejos e anseios de quem procura um caminho e uma vocação, pelo que é uma forte possibilidade, incentivada pelos excelentes resultados que têm tido as Jornadas Mundiais da Juventude, que congregam sempre centenas de milhares de jovens ao lado do Papa.
Finalmente, a paz no mundo é algo que tem preocupado muito o próprio Papa. Sendo um tema cada vez mais na ordem do dia, principalmente por causa das ameaças terroristas que assolam os países em guerra do Médio Oriente e alguns países europeus, não seria de descartar que Francisco quisesse ouvir a Igreja sobre esta matéria, ela que sofre tanto com a perseguição.
Não há ainda nenhuma indicação temporal para a realização do novo sínodo, ou se há o Papa não a adiantou aos cardeais. Sendo pouco provável que se venha a saber alguma coisa durante o Ano da Misericórdia, para não distrair deste assunto que é tão caro ao Papa, poderá ser esta uma das novidades após este ano que está a ser vivido em toda a Igreja. Tendo em conta a idade de Francisco e as suas condições físicas, é possível que haja novidades muito em breve.
Texto: Ricardo Perna
Foto: Catholic Press Photo
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