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Papa junta religiões para pressionar acordos climáticos na COP26
27.05.2021
O Papa Francisco vai promover um encontroo inter-religioso prévio à 26.ª Conferência das Partes (COP26) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, que decorrerá de 1 a 12 de Novembro de 2021, em Glasgow, Escócia. O encontro pode resultar num documento que reforce a encíclica Laudato si’, do Papa Francisco, e coloque pressão nos responsáveis que irão estar reunidos, tal como há seis anos a encíclica serviu para pressionar o aparecimento do Acordo de Paris.

Foto de Arquivo © Ricardo Perna 
A informação foi adiantada aos jornalistas pelo Cardeal Peter Turkson na conferência de imprensa de encerramento do ano Laudato si’, onde também foi anunciado o lançamento da Plataforma de Ação Ladudato si’, da qual demos conta em primeira mão aqui.
 
Questionado sobre se poderíamos esperar uma tomada de posição das várias religiões, respondeu com um sorridente «Pode». «O que interessa ao futuro da humanidade interessa à Igreja, e o que pudermos fazer para ajudar faremos», referiu depois, mais a sério, confirmando que se está a preparar um «evento inter-religioso prévio ao encontro», sem adiantar outros pormenores.
 
Não é ainda certa a presença do Papa Francisco no evento que é considerado por muitos determinante para o futuro do planeta, mas crescem os rumores de que tal será possível. Primeiro foi John Kerry a assumir, numa entrevista à Vatican News, que o Papa Francisco será «uma voz muito importante que nos acompanhará até à Conferência de Glasgow», pois «fala com uma autoridade moral que é única».
 
Para além disso, o cardeal Turkson revelou, na mesma conferência de imprensa, que o Patriarca Ecuménico Bartolomeu «entrou em contacto com o Vaticano para saber se o Papa estaria presente no evento [COP26] e se poderiam sincronizar as suas visitas», o que aumenta a suspeita de que o Papa possa, efetivamente, participar no evento.
 
Habitualmente, a representação diplomática do Vaticano é assegurada pelo Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin, e não é previsível que seja diferente desta vez, uma vez que a presença do Papa Francisco como chefe de Estado implicaria outras questões.
 
A hipótese que está em cima da mesa foi avançada pelo Pe. Joshtrom Isaac Kureethadam, responsável pelo Gabinete de Ecologia e Criação do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, à Família Cristã e ao 7Margens, numa entrevista conjunta realizada no âmbito do trabalho de investigação desenvolvido por estes dois órgãos sobre a forma como a Laudato si’ está a ser aplicada pela Igreja em Portugal.
 
Nessa entrevista, o Pe. Joshtrom confirmou que «a ideia que está em cima da mesa é que ele possa fazer uma visita pastoral à Escócia, e depois passe pela reunião de chefes de Estado para abrir os trabalhos da COP26», avançou o sacerdote.
 
O Pe. Joshtrom refere que estava «cético» em relação a esta possibilidade, «porque ele é convidado tantas vezes para Davos, etc», mas agora «não ficaria surpreendido, honestamente, se desta vez ele fosse». «Se ele puder assistir a um pouco da COP, ele irá, porque está muito preocupado com a situação», sustenta.

© Direitos Reservados
 
Bispos na Escócia criam «Gabinete para o Cuidado da Criação»
Os bispos católicos da Escócia anunciaram a intenção de criar um Gabinete para o Cuidado da Criação antes da reunião da COP26 em Glasgow no final deste ano. D. William Nolan, Bispo de Galloway e Presidente da Comissão Nacional de Justiça e Paz do país, afirmou que, «em preparação para a conferência COP26 que acontecerá em Glasgow em novembro, a Conferência Episcopal decidiu criar um Gabinete para o Cuidado da Criação». «O objetivo do gabinete será dar conselhos e orientações práticas: ajudar as dioceses e paróquias a avaliar a sua pegada de carbono e discernir como trabalhar para a neutralidade de carbono.
 
O anúncio do novo gabinete coincide com a publicação de uma carta pastoral dos Bispos da Escócia que foi distribuída a todas as paróquias no domingo de Pentecostes sobre o tema do cuidado pela criação. A carta marca o sexto aniversário da Laudato si' e chama a atenção para a mensagem cristã de que «todos fazemos parte de uma família humana e compartilhamos uma casa comum, significa que os recursos da nossa terra deve ser compartilhado e usado para o benefício de todos». «Não apenas como indivíduos, mas também como Igreja, devemos discernir quais as mudanças que temos que fazer no modo de vida que consideramos natural, mas que agora reconhecemos ser insustentáveis. As dioceses da Escócia estão em processo de desinvestimento dos investimentos em combustíveis fósseis. A Conferência Episcopal tem como objetivo a neutralidade do carbono para os seus departamentos, e as dioceses procurarão fazê-lo da maneira mais sustentável e oportuna possível», assumiram os bispos na sua carta pastoral.
 
Texto: Ricardo Perna
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