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Papa marcado pelo «silêncio orante dos peregrinos»
14.05.2017
O Papa Francisco regressou ao Vaticano, mas não esqueceu os momentos vividos no Santuário de Fátima. Na Praça de São Pedro, no domingo, agradeceu a todos os que o acompanharam e salientou o «rio» de oração que «corre há 100 anos» em Fátima. Francisco elogiou o «silêncio orante de todos os peregrinos» que acompanharam a sua oração diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima na Capelinha das Aparições à chegada, no dia 12. O Papa disse que se criou «um clima de recolhimento e contemplativo, no qual se viveram vários momentos de oração».

Foto: Lusa

Já durante o voo papal, o Santo Padre respondeu a perguntas de jornalistas que acompanharam a viagem a Portugal e revelou de que falou com Nossa Senhora durante esses momentos de silêncio. «Só diante da Virgem, me lembrei que num dia 13 de maio recebi uma chamada telefónica do Núncio, há 25 anos. Falei com a Virgem um pouco disto, pedi-lhe perdão pelos meus erros, também por um pouco de mau gosto na escolha de pessoas», disse, terminando a rir.

Problemas de «pertença»
Questionado sobre o distanciamento de católicos face a posições da Igreja em temas da vida e da família, o Papa disse que isso mostra que falta uma «total pertença». «A consciência católica não é, às vezes, uma consciência de pertença total a Igreja, por trás disto não há uma catequese variada, uma catequese humana», lamentou. Francisco reconhece que falta aos católicos «formação», mais diálogo com a cultura e uma catequese «séria».

Foto: Arlindo Homem

Em Portugal, está em debate a legalização da eutanásia. O Papa considerou que se trata de «um problema político», mas reconheceu que a Igreja Católica precisa de promover um «trabalho de catequese, de consciencialização, de diálogo, de valores humanos».

O Sumo Pontífice disse mesmo que há pessoas «muito católicas mas que são anticlericais». E por isso, deixa um aviso aos sacerdotes: «Fujam do clericalismo, porque o clericalismo afasta as pessoas. Fujam do clericalismo, e acrescento: é uma peste da Igreja.»

Pedofilia: Papa admite atrasos
Questionado sobre a demissão de Marie Collins da Comissão Pontifícia para a Tutela de Menores da Santa Sé, o Papa afirmou: «Nunca assinei um indulto» depois de esgotados todos os recursos, admitiu que «há muitos casos atrasados – porque se amontoavam ali». Francisco chegou mesmo a dar um número: 2 mil processos esperam uma decisão. De qualquer forma, o Papa acha que não tem sido tempo perdido. «Neste período, foi preciso fazer a legislação, o que deviam fazer os bispos diocesanos, hoje em quase todas as dioceses há um protocolo para estes casos, é um grande avanço», defendeu.



Encontro com Trump: «procurar portas entreabertas»
Dia 24 de maio, o Papa tem agendado um encontro com o presidente dos Estados Unidos da América. Francisco afirma querer ouvir o que Donald Trump tem para dizer. «Eu nunca faço um juízo sobre uma pessoa sem a ouvir. Penso que não o devo fazer», afirmou sobre o encontro. Dizendo que cada um dirá o que pensa, o Papa defendeu que a «paz é artesanal, faz-se todos os dias» e por isso é preciso «procurar as portas que, pelo menos, estão um bocadinho entreabertas, entrar, falar sobre as coisas em comum e avançar, passo a passo».
 
Texto: Cláudia Sebastião com Octávio Carmo/Agência ECCLESIA
Fotos: Lusa e Arlingo Homem/Agência ECCLESIA

 
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