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Papa passa a 200 metros, mas eles veem pela televisão
13.05.2017
No lar de idosos da Pró-Real, em Monte Real, chegamos à hora de jantar. São 18h30 e os utentes já estão todos sentados à mesa. Deixaram a televisão para a refeição. Ao fundo, o televisor mostra o Papa Francisco em Fátima. Está na Capelinha das Aparições.

Os idosos seguiram com interesse a chegada do Papa pela televisão. Francisco que tanto fala de periferias tem aqui um bom exemplo disso. Estes idosos estão muito perto da Base Aérea de Monte Real onde o Papa aterrou esta sexta-feira e a menos de 200 metros de uma estrada por onde passa de carro no sábado, quando regressar de carro à Base Aérea para a viagem para o Vaticano.

Elisa e Maria viram Papa pela televisão.
Uma das funcionárias do lar faz-nos sinal para falar com Elisa. E percebe-se logo porquê. «Tenho estado a acompanhar tudo. Esteve aqui tão pertinho e eu sem capacidade para lá ir e estão em Fátima milhares de pessoas...», diz com pena. Elisa de Jesus Oliveira é baixinha, de sorriso fácil e rosto bonito, quase sem rugas. Ninguém diria que tem 91 anos. «A fé é a maior coisa que temos na vida. É o que nos move», afirma. Elisa e as amigas viram tudo pela televisão e assim será até que Francisco deixe Portugal, apesar de passar quase à porta do lar. «Não vou espreitar nem saudá-lo ali à rotunda porque ando de andarilho e não posso ir lá fora», explica.
 
Luísa conhece bem a Base Aérea. O marido trabalhou lá.
Na mesma mesa está Luísa Maria Remédios. Conhece bem a Base Aérea. O marido trabalhou lá muitos anos. Agora, Luísa já está viúva. Mas gostou muito de ver o Papa. «Ele sente-se feliz. E eu estou a gostar de ver. São momentos especiais. Gostava de o ver pessoalmente, mas é impossível», diz com um sorriso tímido.
 
Maria Lopes Jorge tem 12 filhos e vai fazer 85 anos. Também ela acompanhou o Papa em Monte Real e em Fátima, com as amigas, pela televisão. «Ele veio ali onde eu casei. Casei na Capelinha da Base Aérea em 1954», recorda. Maria reviu os espaços que conhecia bem. Também o seu marido lá trabalhou e uma das filhas seguiu os passos do pai. «Foi bonito ver o Papa que não conhecíamos e ver tanta gente. A minha filha também lá trabalha e estava lá com a filha», conta. Quando perguntamos se vai à rotunda, a menos de 200 metros, ver o Papa passar de carro, Maria não hesita. «Eu se conseguir vou. Quem conseguir ir, vai», afirma convicta.

Maria Lopes quer ir ver o Papa passar de carro.

Noutra mesa, a convicção é menor. Duas senhoras dizem que é complicado ir porque precisariam de alguém que as acompanhasse e têm dificuldade em andar. O mais certo é ficarem a ver pela televisão novamente.
Mas nem todos acham graça ou têm interesse no Papa. Um homem queixa-se: «Que remédio que vi o Papa. Não dava outra coisa na televisão.»
 
Depois do jantar, vão para os quartos. «Quem quiser pode ficar aqui a ver televisão. Ninguém proíbe, mas temos dificuldades em andar sem ajuda», explica Elisa. Por isso, ninguém acompanhou a procissão das velas.
 
O lar de idosos pertence à Pró-Real, Associação para o Desenvolvimento da Freguesia de Monte Real. Tem também Centro de Dia e apoio domiciliário.
 
Reportagem e fotos: Cláudia Sebastião
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