O Papa encontrou-se hoje no Panamá com os bispos da América Central, e desafiou-os a salvar os jovens da violência e do crime organizado na região. «Exorto-vos a promover programas e centros educativos que saibam acompanhar, apoiar e responsabilizar os vossos jovens; roubai-os à rua, antes que a cultura de morte, vendendo-lhes fumo e soluções mágicas, se apodere e aproveite da sua inquietação e imaginação», declarou, num longo discurso, na igreja de São Francisco de Assis.
O pontífice recordou os jovens «seduzidos por respostas imediatas» e as vítimas da «violência doméstica, feminicídio» – que classificou como uma «praga» no continente –, «grupos armados e criminosos, tráfico de droga, exploração sexual».
No início do discurso, o Papa agradeceu a oportunidade de poder estar perto «fé simples, mas que foi testada e que vejo na cara do vosso povo, que, embora pobre, sabe que Deus está aqui, não dorme, é ativo, observa e ajuda», citando uma homilia do agora santo D. Oscar Romero.
No Panamá, o Papa evocou um sistema económico que deixou de ter como prioridade as pessoas e o bem comum, «fazendo da especulação o seu paraíso».
Neste seu primeira dia de atividades no Panamá, Francisco falou de uma oportunidade para «sair ao encontro dos jovens». «Esta Jornada Mundial da Juventude é uma oportunidade única para sair ao encontro e aproximar-se ainda mais da realidade dos nossos jovens, cheia de esperanças e sonhos, mas também profundamente marcada por tantas feridas», disse.
O primeiro Papa sul-americano na história da Igreja Católica desafiou os bispos a combater a «desertificação cultural e espiritual», a ajudar os migrantes, os indígenas e os afrodescendentes.
Com o Presidente e membros do Corpo Diplomático e sociedade civil, Francisco pede «trabalho digno»
Antes do encontro com os bispos, o Papa Francisco esteve com o presidente do Panamá, o Corpo Diplomático e representantes da sociedade civil, a quem disse, no seu primeiro discurso no Panamá, que o futuro das sociedades se constrói com apostas na educação e no «trabalho digno». «É impossível conceber o futuro duma sociedade sem a participação ativa – e não apenas nominal – de cada um dos seus membros, para que a dignidade seja reconhecida e garantida através do acesso a uma instrução de qualidade e à promoção dum trabalho digno», defendeu, falando no Palácio Bolívar, perante autoridades e membros do Corpo Diplomático, representantes da sociedade civil e comunidades religiosas.
«Sabemos que é possível outro mundo; e os jovens convidam-nos a envolver-nos na sua construção, para que os sonhos não permaneçam algo de efémero ou etéreo, para que deem impulso a um pacto social no qual todos possam ter a oportunidade de sonhar um amanhã: o direito ao futuro também é um direito humano», acrescentou.
A intervenção decorreu após a cerimónia de boas-vindas ao Panamá e visita de Cortesia ao presidente da República, Juan Carlos Varela, no Palácio Presidencial.
Texto: Ricardo Perna (com Agência Ecclesia)
Fotos: Jornada Mundial da Juventude
Continuar a ler