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Passar a Porta que anima na Fé
26.09.2016
Um dos pontos altos do Ano da Misericórdia é a possibilidade que o Papa dá a todos de receberem Indulgência Plenária passando numa das muitas Portas Santas existentes em todo o mundo. A tradição de passar a Porta Santa para receber a indulgência plenária remonta a 1423, ano em que o Papa Martinho V abriu, pela primeira vez na história, um ano jubilar através de uma Porta Santa na Basílica de São João de Latrão.



Durante o seu Jubileu, os catequistas foram convidados a fazer o seu percurso de reflexão e preparação com vista à passagem da Porta Santa. A Família Cristã acompanhou um grupo de 14 catequistas que vieram da paróquia da Charneca de Caparica, na diocese de Setúbal, no seu caminho até ao túmulo de S. Pedro, ponto de chegada do percurso definido pela organização para os fiéis passarem pela Porta Santa da Basílica de S. Pedro.

O percurso começava do outro lado da estrada da Via da Conciliação, a avenida larga que vai dar à Praça de S. Pedro, e o objetivo do grupo era chegar cedo, a fim de evitarem as filas que durante o dia se foram acumulando, já que sábado era o dia escolhido para que os milhares de catequistas em Roma pudessem transpor a Porta Santa. Mais informações que isto não havia. «Bom, chegamos lá e vemos. Na pior das hipóteses, caminhamos a rezar o Terço, e tudo fica bem», diziam enquanto se encaminhavam para lá.
Na fila antes da partida do grupo, o silêncio começava a instalar-se. Enquanto uns pesquisavam as intenções do Papa para o mês de setembro no telemóvel, outros olhavam e suspiravam para a fila de grupos que parecia não andar. Havia algo no ar, não nervosismo, mas uma ansiedade boa pela partida até à Porta Santa.

Chegada a sua vez, o grupo recebeu uma cruz que deveria encabeçar a sua caminhada e uma sugestão de meditação e reflexão na caminhada até à Basílica de S. Pedro, onde iriam transpor a porta. Combinaram entre todos que cada um carregaria a cruz uma parte do caminho, para que todos tivessem oportunidade de a levar.

Quando atravessaram a estrada, o silêncio foi o primeiro gesto do grupo. Rezado o salmo 122, um cântico de alegria por irem «para a Casa do Senhor», o caminho até à Igreja de Nossa Senhora de Transpontina foi feito em oração pelo grupo que ia em peregrinação e por todos os que, por várias razões, não os puderam acompanhar, conforme sugeria o panfleto. Depois da paragem, a subida à Praça de S. Pedro foi feita com cânticos de louvor a Deus, enquanto se rezava pelo grupo e pelas intenções do Papa para o mês de setembro.



A entrada para a Basílica era feita por um raio-x dedicado aos peregrinos que iam à Porta Santa, com acesso mais rápido que as filas normais de entrada. Depois de passarem, voltou o silêncio. Aproximava-se a Porta Santa, e era fortalecida a oração no grupo. Ao entrar, um momento de espera em silêncio preparava para a passagem da Porta Santa.

O grupo já tinha visitado a Basílica de S. Pedro, pelo que a surpresa pelo que lá encontraram não foi maior que a emoção de passar a Porta Santa. «Passar a porta foi uma emoção muito grande», diz Fátima Lopes, uma das catequistas, ao que Ana Horta replica que sentiu «arrepios, que não eram de frio». «Senti o Espírito Santo a descer sobre mim, a dar-me força para combater as minhas fragilidades», acrescenta.

Na reflexão que fizeram à entrada, o Papa Francisco escrevia que «todos aqueles que entram na Porta da Misericórdia podem experimentar o amor de Deus que consola, perdoa e dá esperança». Teresa Costa afirma que «algo se passou no mais íntimo da minha alma, algo tão forte que teve de transbordar em lágrimas», referia-nos no final.

Essa foi uma emoção partilhada por quase todos os elementos do grupo. Dentro da Basílica de S. Pedro, a última caminhada foi feita pelo centro da nave, em direção ao túmulo de S. Pedro. As lágrimas escorriam pelos rostos enquanto se rezava o Credo e cantavam «Espírito, Espírito, que desce como fogo, vem como em Pentecostes e enche-me de novo».



Momentos que culminaram o que chamaram de uma caminhada de «família». «Sentimos uma união em família muito grande», diziam todas. Mafalda Trabulo, a mais nova do grupo, explicava que o que a tinha impressionado mais o «silêncio» que ela própria, a mais animada de todos, tinha conseguido fazer. «O silêncio foi muito forte, foi uma reflexão intensa. Passar a Porta Santa deu-me força, muita força para encarar a minha caminhada», dizia.

De rostos lavados de lágrimas de alegria, o grupo olhou uma última vez para o vitral do Espírito Santo, um elemento do imponente altar de Bernini que encima a Basílica, e saiu para o sol que acolhia todos os peregrinos que saíam, rejuvenescidos pela passagem da Porta que anima na fé.


 
Texto e Fotos: Ricardo Perna (enviado da Família cristã a Roma para o Jubileu dos Catequistas)
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