Portugal recebe milhões de turistas todos os anos, ou recebia, quando não estávamos em pandemia. Destes, uma fatia muito significativa vem com o intuito de conhecer o património religioso que Portugal possui em grande número e bom estado de conservação, ou, mesmo que venha apenas pela praia ou o golfe, acaba por se deslocar a alguns destes espaços para visitar.

«Dentro dos que nos visitam, temos os que visitam as igrejas, os que procuram as celebrações eucarísticas, aqueles que procuram outros sacramentos, aqueles que procuram algum bem-estar espiritual, aqueles que procuram o turismo religioso. No fundo, a Pastoral do Turismo trata de tudo o que diz respeito ao acompanhamento cristão daquele que está no seu descanso, e procura de alguma forma fazer a simbiose entre o descanso e a sua fé cristã», explica-nos o novo diretor da Obra Nacional da Pastoral do Turismo (ONPT), o Pe Miguel Neto, da diocese do Algarve.
Um serviço que pode passar por vários aspetos. Desde logo, a capacidade de disponibilizar todas as informações relevantes sobre os vários espaços, desde os horários das missas até à divulgação do património religioso, nas diversas línguas de quem nos visita, ou sequer de conseguir ter a igreja aberta. «A nossa primeira batalha, e tem sido o trabalho da ONPT, é conseguir que as igrejas estejam abertas, e já é pedir muito que haja igrejas abertas fisicamente. Depois, claro que há diferença entre uma igreja aberta sem ninguém a acolher, e outra onde há um panfleto a indicar a história da igreja, alguém que indique um horário da missa, que tenha indicações para as missas em várias línguas, que haja um serviço de acolhimento, se possível um ordinário da missa em várias línguas, há diferença, e há um sinal de casa», refere o sacerdote algarvio.

Uma abordagem que tem frutos pastorais, uma vez que há aqui uma oportunidade de primeiro anúncio da fé. «A Pastoral do Turismo joga com essa fronteira, não estamos a funcionar com compartimentos estanques, obviamente. Mas podemos, e compete-nos, fazer a transição entre o que é um interesse cultural e o primeiro anúncio. Uma exposição num templo não é necessariamente uma catequese, mas pode ser o despertar para uma catequese que pode vir mais tarde», diz o Pe. Miguel Neto, que acrescenta que é importante «promover o que é a identidade cristã junto dos que chegam a cada comunidade, que estão de passagem e aproveitam o nosso país para descansar».
Esta área de pastoral pode também ajudar na sustentabilidade económica das comunidades. «Não é a galinha dos ovos de ouro, mas é uma grande ajuda (risos). Eu detesto que me digam que “a Igreja tem de pôr as igrejas a render”, detesto essa expressão. A Igreja não tem de fazer isso, mas é justo que a pessoa que visita a igreja dê o seu contributo para a manutenção e o restauro dessa igreja, e é justo que a comunidade veja onde o dinheiro é aplicado», sustenta, até porque, adianta, «não somos um país com grandes recursos financeiros, e o maior recurso que temos é o turismo».
Pode ler o artigo completo sobre a ação da Pastoral do Turismo em Portugal na edição de julho-agosto da sua revista Família Cristã.
Texto e Fotos: Ricardo Perna
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