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«Pastoral Familiar não tem conseguido apoiar casais»
09.11.2016
Manuel e Celina Marques são o casal presidente da Pastoral Familiar nacional. Estão casados há mais de 50 anos e sabem bem a importância do acompanhamento dos casais. Manuel admite que esta é uma das preocupações para o mandato que agora começam. «É importantíssimo, porque todos nós vamos para o casamento com uma ideia dele ou dela que depois não corresponde à realidade. Há desajustes, há desconsolos, há desconformidades. E se não tivermos um grupo de casais amigos com quem possamos partilhar e falar dos problemas, das nossas dificuldades e das nossas desilusões, entramos numa espiral de sofrimento, de dor.»

Manuel sabe do que fala. Experimentou na pele esta espiral «durante alguns anos». Por isso, o responsável da Pastoral Familiar reforça que tudo se resolve e atenua quando «temos ao nosso lado alguém, uma equipa que nos possa ajudar a rezar, a perdoar, a compreender».

Se todos defendem que é preciso apoiar os casais, por que razão isso ainda não acontece? Manuel Marques admite que «as estruturas da Pastoral Familiar não têm sabido ou não têm conseguido agarrar isso». É um sector pastoral relativamente recente e faltam estruturas e pessoas formadas. Manuel e Celina foram responsáveis pela Pastoral Familiar da diocese do Porto. Aí foi feito um caminho. Os casais que contraíram matrimónio nos cinco anos anteriores foram chamados a um encontro com o bispo. «Este ano, 110 casais estiveram presentes para receber uma bênção do bispo. Foram-lhes dados uns pontos para discussão a partir de reflexão do Pe. Vasco Pinto Magalhães: “Matrimónio: riqueza ou um risco?”», explica, admitindo que «ainda são coisas incipientes».

Para a Pastoral Familiar nacional, o casal presidente não tem uma proposta concreta. O grande desafio é «chamar os casais novos», «ir ter com eles, dar-lhes oportunidade de refletir sobre gestão familiar, saúde, problemas dentro do casal, comunicações… Há tantas matérias que, sem terem o cariz eclesial, podem ser um espaço de acolhimento e de formação.»

Localmente, vão nascendo alguns projetos. Na diocese de Lisboa, por exemplo, a Cáritas e a Pastoral da Família avançaram com um projeto chamado «Famílias comVida». A ideia é criar uma rede de centros que apoiem as famílias em várias questões, sempre segundo os critérios cristãos. Para já, arranca com formação de animadores. Há paróquias também com grupos informais de casais. Por todo o país, há Equipas de Nossa Senhora, centros de formação Cenofa, grupos de Amor e Verdade, Ele e Ela ou Encontro Matrimonial. Mas ainda é preciso que a Pastoral Familiar esteja em missão, como pede o Papa, e vá ao encontro dos casais.
Texto: Cláudia Sebastião
Excerto de uma reportagem publicada na edição da FAMÍLIA CRISTÃ de novembro de 2016.

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