O Pe. Duarte Sousa Lara, o mais conhecido exorcista português, esteve em Cascais no passado sábado para apresentar o último livro do Pe. Gabriel Amorth, «Seremos julgados pelo amor», escrito pouco tempo antes da sua morte, em coautoria com o sacerdote paulista Pe. Stefano Stimamiglio.


Falando de uma pessoa «muito querida» para ele, o Pe. Sousa Lara assume que tem uma «grande dívida de gratidão para com o Pe. Amorth», assim como toda a Igreja. «Muito mudou graças ao Pe. Amorth, e o bom é que hoje as pessoas estão mais sensíveis a estas questões. Em Itália as coisas mudaram muito, em Portugal estão a mudar a pouco e pouco e no Brasil também. Temos de agradecer a Deus os livros que ele nos deu, que deram frutos para além de apenas esclarecer as pessoas. Pe. Gabriel foi o instrumento que Deus escolheu para nos abrir os olhos», referiu o sacerdote português.
 
Reconhecendo que, apesar de «muito úteis», os livros sobre exorcismos «têm riscos», o Pe. Sousa Lara considera que este é um livro importante. «Sobre este livro, gostei muito do título. O subtítulo é também importante [«o demónio nada pode contra a misericórdia de Deus»], porque há dois extremos na sociedade: há quem negue a existência do demónio, e há quem lhe confira uma capacidade de interferir na vida do Homem que também não é real. Ele gosta quando usamos uma destas duas opções, mas nenhuma delas está correta», adverte este exorcista. «Não faz sentido termos medo do demónio, porque não passa de um anjo que se revoltou contra Deus, não é Deus. Há um abismo entre os dois», disse aos presentes.
 
O Pe. Sousa Lara Deus afirma que muitos colocam em causa Deus porque pensam que ele causa o Mal que há no mundo, mas que essa é uma ideia incorreta. «Deus permite, o Mal, não o causa. Pelo contrário, Deus é capaz de reciclar o Mal e de lá retirar algum Bem», disse o Pe. Sousa Lara, apontando como exemplo perfeito Jesus Cristo, que morreu pelas mãos dos homens, mas da qual saiu um enorme testemunho para todos os cristãos.
 
Ainda sobre o livro, que reúne algumas das ideias que o Pe. Amorth foi publicando noutras obras ao longo da sua vida, o Pe. Sousa Lara reconhece alguma «maturidade» na escrita e nas ideias. «É uma obra de maturidade, porque o Pe. Amorth aborda todos os temas dos livros anteriores e outros, é muito claro no que diz, é relativamente sucinto e em algumas posições houve uma certa evolução que veio com o tempo e a experiência», considera o sacerdote.
 
Este exorcista português gosta desta abordagem mais «orientada para o Céu». «Nos outros trata do demónio e do Mal, e mais nada. Aqui orienta para o Céu, dá uma moldura, um contexto mais animador, porque nos põe a pensar que estamos a caminho do céu», conclui.