O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recebeu ontem em audiência privada a direção do recém-criado Instituto da Padroeira de Portugal, que se dedica ao estudo da Mariologia e que foi há dias instituído publicamente.


Carlos Filipe, diretor do Instituto, referiu à Família Crista à saída do encontro que o mesmo foi pedido pelo próprio Presidente da República. «Desde o primeiro minuto que teve conhecimento do projeto, o Senhor Presidente da República mostrou carinho e quis conhecer melhor o projeto. Daí que fizemos os possíveis para que ele estivesse no dia 12 em Vila Viçosa na apresentação pública do Instituto, mas tal não foi possível, por questões de Estado. Mas ele não esqueceu, e por iniciativa própria agendou esta audiência», explicou, adiantando que a mesma tinha servido para apresentar o projeto e os planos ao presidente Marcelo.
 
Segundo Carlos Filipe, o presidente «felicitou a extraordinária iniciativa, palavras dele, e pediu-nos que fosse um instituto para permanecer no tempo», disse à Família Cristã. Segundo este mesmo responsável, o presidente disponibilizou-se para «colaborar com o Instituto», uma vez que «percebeu o quão importante é tratar o assunto da Virgem Maria na cultura portuguesa». «Portugal não está afastado de um culto e de uma tradição que sempre guardou no seu coração. Está esquecido, nas camadas mais jovens e desligadas, e este Instituto vem promover a união da tradição com a erudição, e o senhor presidente da República disse que é importante envolvermos o país, na perspetiva da cultura portuguesa ser valorizada enquanto património, enquanto estudo e conhecimento, e esse conhecimento não ficar entre os académicos e as universidades, mas seja partilhado pelo povo», afirmou.
 
Uma das primeiras iniciativas que o Instituto da Padroeira de Portugal se propõe é a elaboração de um dicionário mariológico, uma iniciativa que seria «única» no mundo, nas palavras de José Eduardo Franco, historiador e responsável pelo Conselho Científico do instituto. «Seria um dicionário global de Maria, a primeira grande enciclopédia mundial que mapeasse o conhecimento mariano em todo o mundo, dado que o fenómeno de Maria foi global, e Portugal contribuiu imenso com a sua rede de Descobrimentos para a universalização do Cristianismo, e por conseguinte, a devoção a Nossa Senhora, e por isso faz sentido Portugal lançar-se num projeto desta dimensão», afirmando que o projeto está ainda numa fase embrionária, enquanto aguarda por mecenas que possam dar sustento à ideia.
 
Do que não há dúvidas nestes responsáveis é da importância do culto mariano no nosso país, que é bem anterior ao fenómeno de Fátima. «Se queremos avaliar a dimensão do que é a projeção da Virgem Maria na cultura portuguesa, basta olhar para o dia 15 de agosto, o dia em que mais romarias existem em Portugal, todas elas devocionais da Virgem. Não podemos esquecer que sempre fez parte da estrutura cultural do país durante vários séculos, e não podemos agora, por meia dúzia de dias, por uma transformação social em que estamos todos envolvidos, esquecer esta realidade», adverte Carlos Filipe.

 
No entender deste responsável, que indica que há já uma conferência pensada para o final deste ano «possivelmente no santuário de Vila Viçosa» e uma programação para 2019 que se pretende seja «de âmbito nacional», o maior desafio será interessar as camadas mais jovens nesta matéria. «Os jovens têm de ser cativados pela imagem, a comunicação é fundamental, e é por aí que tem de ser a aposta do Instituto. Compreender os jovens e no meio desta nova realidade saber comunicar. Isso terá de ser feito pelos especialistas, mas a história e o património deste país não se podem perder por meia dúzia de dias. Queremos fazer a ponte entre o passado, o presente e o futuro, e o futuro passa pelos jovens», concluiu.