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Quando a Porta Santa vai até às pessoas
20.09.2016
Para muitos, as Ilhas Salomão, são apenas um exótico destino de férias. Para os seus habitantes, apesar das águas cristalinas, das inúmeras ilhas de areia fina e vegetação tropical, as coisas não são assim tão fáceis. A começar pelo isolamento em que vivem. Para o Bispo Capelli, não há, porém, problema que não tenha solução…



Apesar da imagem magnífica que transpira em cada fotografia, a vida nas Ilhas Salomão não é nenhum mar de rosas. Pobreza, isolamento, fortes abalos sísmicos, além da diversidade cultural e linguística… tudo ajuda a transformar este país num lugar especial. Ao todo, na Diocese de Gizo, há mais de 40 ilhas espalhadas por 300 quilómetros, onde se fala mais de uma dezena de dialectos. Um verdadeiro quebra-cabeças. Como chegar a todas estas pessoas?

Ainda agora, por causa do Ano Santo da Misericórdia, foi necessário puxar pela imaginação para que todos pudessem experimentar o sentimento de perdão e reconciliação que se vive para quem atravessa a Porta Santa. Mas como fazê-lo, quando a maioria da população vive isolada em ilhas remotas do arquipélago e não consegue deslocar-se até à Catedral? A solução foi fácil: construindo uma porta itinerante que pudesse ser levada num pequeno barco. E assim tem sido. Graças à energia de Luciano Capelli e à coragem de um punhado de cristãos mais empenhados, lá se arranjou um barco de madeira, com um pequeno motor, para levar a Porta Santa a todos os habitantes das Ilhas Salomão.



Reconciliação e perdão
Um porta simples, com dois metros de altura, feita de madeira castanha clara, transportada num barco também ele de madeira, humilde, como os dos pescadores. Mas todas as vilas recebem a Porta Santa com uma cerimónia especial, com flores, danças, animais, costumes tradicionais... sem faltarem os guerreiros, com as suas faces pintadas e vestindo fatos feitos de flores secas, numa «atmosfera solene que transparecia em todos os momentos. Apesar da festa, os fiéis estavam sempre conscientes da solenidade do momento», garantiu o bispo salesiano.

A chegada da Porta Santa tem sido uma oportunidade, também, para a Igreja levar uma proposta de reconciliação e perdão às comunidades mais isoladas. “Estamos em lugares remotos”, afirma D. Luciano. “Aqui não há tribunais, nem juízes ou advogados…”, explica. Por isso, a chegada da Porta Santa a cada uma destas ilhas tem representado, também, um sentimento de partilha, de inclusão. De pertença à mesma comunidade.

A Fundação AIS tem ajudado, desde há anos, a igreja nas Ilhas Salmão e, em particular, a diocese de D. Luciano Capelli. Apesar dos seus 60 anos, nada parece demover este prelado. A Porta Santa foi um bom exemplo de como é possível fintar as dificuldades que a natureza coloca ao trabalho pastoral. Se as pessoas não podiam deslocar-se até à Catedral, levou-se a Porta Santa até elas. Mas as viagens de barco são muito demoradas. Como ultrapassar isso? De avião claro! Bom, bem vistas as coisas, um avião seria impraticável. Não haveria dinheiro para ele nem pistas onde pudesse aterrar.

E foi assim que se chegou a um minúsculo avião. O ultraligeiro da diocese é agora o meio de transporte preferido de D. Luciano Capelli. A necessidade aguça o engenho. Neste caso, tem ajudado a aproximar pessoas e a fazer comunidade entre os habitantes das Ilhas Salomão. E quando se escuta, ao longe, o ronronar da hélice do ultraligeiro, já se sabe que “o senhor bispo” está a chegar para mais uma visita…

 
Texto: Ricardo Perna (com Fundação AIS)
Fotos: Fundação AIS
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