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Quarentena: como ajudar as crianças
24.03.2020
O país e o mundo estão a meio gás ou parados por causa do COVID-19. Muitos milhões de pessoas estão fechadas em casa. Uma situação nova para a qual ninguém está preparado. Os pais são a garantia de segurança dos seus filhos e todos têm medo. Mas como ajudar as crianças a viverem esta quarentena imposta e sem fim definido?



A Ordem dos Psicólogos Portugueses emitiu uma nota com alguns conselhos. Primeiro: é preciso conversar com a criança com «informação clara e real, palavras adaptadas à idade». As notícias devem ser dadas por um adulto de referência e a exposição a noticiários deve ser limitada porque «as crianças podem ficar facilmente perturbadas pelo que ouvem ou vêem na televisão». «Explique a mesma coisa várias vezes e dê-lhes oportunidade para expressarem os seus sentimentos e receios» e, ao mesmo tempo, «transmita confiança, explicando que os organismos de saúde e os próprios pais/cuidadores estão a trabalhar para o acesso a bens necessários, saúde e segurança da criança e de todos».

Informação pode dar segurança a algumas crianças e por isso talvez seja bom explicar o que é o vírus e como se transmite. Isso ajuda a perceber que a própria criança tem um papel para «ajudar a combater o vírus» porque «se todos tivermos alguns cuidados, podemos evitar que mais pessoas fiquem doentes». Fundamental é explicar como isso se faz e pode ser usada linguagem mais fantasiosa, mas usando os argumentos certos, sugere a Ordem dos psicólogos Portugueses: «Para sermos uma espécie de Super-Heróis e destruirmos este vírus precisamos de lavar frequentemente as mãos e muito bem (como os cirurgiões!); tossir e espirrar para o cotovelo; avisar quem nos ajuda a limpar o nariz que tem de deitar fora o lenço e lavar novamente as mãos; não andar sempre a levar as mãos à cara e evitar dar beijinhos e abracinhos a outras pessoas que não os nossos familiares mais próximos (porque o vírus entra no nosso corpo pelos olhos, boca e nariz) e... ficar em casa. Assim o vírus não entra no nosso corpo e nós não o passamos a outras pessoas.»

Birras e conflitos são formas de manifestar medo, frustração.
Mesmo assim é natural que surjam sentimentos de ansiedade, medo, frustração, aborrecimento. Como se podem manifestar esses sentimentos? Crianças mais pequenas «podem fazer mais “birras” e mostrar-se mais dependentes, irritáveis e terem dificuldade em adormecer». Nesse caso, os pais e educadores devem aceitar que essas birras e conflitos existam e a chave é ser «compreensivo e paciente perante estes comportamentos e tente resolvê-los rapidamente». As crianças devem poder expressar os seus sentimentos e receios. Os psicólogos sugerem que esses sentimentos sejam validados e reconhecidos. Ao mesmo tempo, deve ser valorizado o positivo, como terem mais tempo para estar juntos e brincar, fazer videochamadas com a família, etc.

Essencial é transmitir «esperança e segurança». Como neste cenário de incerteza? Dizendo que «não vamos ficar em casa para sempre», «vamos manter as nossas rotinas de levantar, comer e dormir», «podes ir pensando em coisas que gostavas de fazer durante o dia e fazer uma lista, com horários e tudo», «também podemos fazer um diário de bordo para um dia nos lembrarmos desta grande aventura em que fomos Super-heróis e ganhámos esta luta contra o vírus».
Texto: Cláudia Sebastião
Fotos: Pixabay

 
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