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«Que todos os jovens se sintam chamados a participar na Jornada»
01.08.2022
Duarte Ricciardi é o secretário executivo da Jornada Mundial da Juventude. No dia em que se marca 1 ano até à JMJ, fala com a Família Cristã para nos ajudar a perceber o que aí vem em termos de preparação para o maior evento que Portugal alguma vez acolheu.

 
Um ano antes, como estamos de preparação?
Estamos muito entusiasmados. Já aconteceu muita coisa, temos uma equipa cada vez mais forte e coesa e mais presente aqui na sede. Tem havido muito o movimento de pessoas que estavam em casa a dedicar algumas horas que começam agora a vir para cá a tempo inteiro para se dedicarem a esta preparação.
 
Quantas pessoas já estão cá a trabalhar?
Essa é uma pergunta que me fazem tantas vezes e eu nunca tenho um número exato... mas à volta de 30 pessoas a full time. Temos voluntários, muitas pessoas “emprestadas” pelas respetivas empresas, como é o caso da maioria dos diretores, e depois temos algumas pessoas empregadas na Fundação, cerca de 10, e alguns da Comunidade Shalom, que veio do Brasil e vieram trabalhar em exclusivo para a Jornada, são 6 pessoas. Já temos uma equipa forte, presente...
 
E essas 30 pessoas multiplicar-se-ão em quantas?
Estas 30 já se multiplicam por 10 em pessoas que trabalham de forma voluntária e ocupam algum do seu tempo, mas a full time teremos algumas centenas para o evento, cerca de 300 a 400 pessoas.
 
Para o evento quantos voluntários estarão no terreno?
Cerca de 20 a 30 mil. O recrutamento já começou apenas para chefes de equipa, que são os responsáveis por pequenos grupos de voluntários, num esquema parecido com o sistema de patrulhas do escutismo.
 
Um ano antes, quais são as preocupações mais prementes?
A preocupação mais premente é que todos os jovens se sintam chamados a participar na Jornada. Que todos os que não venham à Jornada seja porque não querem vir, e não porque não ouviram falar na Jornada, esse vai ser o nosso foco. Vamos abrir as inscrições, ter alguns momentos mediáticos, e queremos que todos os jovens do mundo ouçam falar na Jornada e escolham se querem vir ou não. Claro que também temos preocupações logísticas, de como estamos a preparar os recintos, mobilidade, segurança...
 
Estão tranquilos com os timings de obras que estão estabelecidos?
São timings da Câmara de Lisboa, e temos muita confiança de que tudo vai estar pronto, e estamos a acompanhar a Câmara, e eles sabem quais são os nossos timings e o que têm de fazer. Do lado de Loures já estão a preparar os terrenos também, e haverá ainda a obra do altar, que não é esta que já foi adjudicada. Esse está em curso o processo...
 
E quando estará concluído?
Os timings dependem da câmara... nós só acompanhamos o que vai surgindo.... só sabemos que na altura do evento tudo estará pronto, mas não tenho os timings certos....
 
A passagem de pastas nas autarquias foi pacífica, ou atrasou o processo?
Foi pacífica, pois sentimos, da parte dos executivos anteriores e atuais uma abertura enorme para a Jornada. Claro que as mudanças implicam tempos de espera, mas foi suave porque houve muita abertura e muita vontade de trabalhar em conjunto, tanto de um lado como do outro, com Loures a relação também tem sido muito boa.
 
Já há data para as inscrições?
Depois do verão... (risos) ainda não temos uma data fixa, mas esperamos em breve poder anunciar.

 
Como é que vão funcionar as inscrições?
As inscrições abrem para todo o mundo ao mesmo tempo para voluntários, peregrinos, Festival da Juventude e bispos. O Festival da Juventude são uma quantidade de eventos que irão acontecer pela cidade, onde os peregrinos se podem candidatar para atuar. Por isso a inscrição tem de ser nas duas áreas.
Normalmente, o Papa é o primeiro a inscrever-se, mas não sabemos ainda como é que isso irá decorrer, ainda temos de articular com o Dicastério dos Leigos, Família e Vida.
 
Já há um custo definido?
Não temos ainda, mas não andará longe dos valores das últimas edições. No Panamá o custo era de 250 dólares o pacote mais completo, com alojamento, alimentação, transportes, seguro, kit de peregrino. Depois, haverá inscrições mais simples, e mais baratas. Tem havido uma inflação um pouco louca nos últimos tempos. Não queremos que a Jornada dê lucro, mas também queremos tentar não deixar uma grande dívida ao Patriarcado, e as inscrições são uma grande fonte das receitas.
 
A maioria dos estrangeiros optará pelo pacote mais caro, e os portugueses pelos mais baratos?
Sim, talvez... mais de metade dos pacotes costumam ser desses. Quanto aos portugueses, o nosso medo é que não se inscrevam. Em Madrid estiveram cerca de 2 milhões de pessoas, mas inscritos estariam 500 mil. Há muitas pessoas que são do país e aparecem, e neste caso até temos os espanhóis, que também podem simplesmente aparecer. Isto é um problema porque queremos gerir as coisas da melhor forma, receber bem toda a gente, e por isso é importante que os portugueses e os espanhóis se inscrevam.
 
Mas há a possibilidade de uma inscrição simples, só mesmo para saberem com quem contar?
Sim, há a possibilidade de ser só com o kit de peregrino, ou algo assim. Os eventos são abertos a todos, claro, sem exceção, mas a inscrição permitiria nós sabermos melhor quantas pessoas estariam para gerirmos a massa humana da melhor forma.
 
E a massa humana terá que dimensão? A expetativa mudou, considerando a pandemia e a guerra na Ucrânia?
A expetativa não mudou... desapareceu (risos). Nós achávamos que seria algo entre Madrid e Cracóvia, entre 1 a 2 milhões de pessoas, mas com a pandemia e a guerra trabalhamos com uma folha em branco. Podem vir muito menos pessoas porque pode vir mais uma onda de Covid ou a guerra na Ucrânia dificultar, pela crise económica que se pode instalar, mas por outro lado há o facto de as pessoas já poderem viajar e estarem ansioso para viajar, vemos que as agências de viagens estão cheias de trabalho, que Lisboa já está cheia de turistas, e a JMJ acontece numa altura em que os jovens passaram pelo confinamento e isto pode significar uma afluência ainda maior do que o esperado...
Dito isto, temos vários cenários traçados, e estamos preparados para receber todos os peregrinos que vierem.
 
Quando o Papa enviou a mensagem vídeo, falava de todos os participantes, inclusive os que iam assistir pelos meios telemáticos... para além das transmissões das celebrações, estão pensados outro tipo de interações digitais com jovens que não venham a Lisboa?
Acho que as duas coisas não estão totalmente ligadas. Estamos a pensar ter interação digital porque essa interação é muito importante para os jovens. Mesmo que tenhamos cá muitos milhões de jovens, continuarão a haver milhões que não vêm, e as pessoas têm sempre vontade de acompanhar. Somos sensíveis, temos algumas limitações de tecnologia, mas estamos a fazer tudo para que haja uma experiência digital, que seja boa, mas que não desvie da experiência física. Temos uma parceria com a Altice que nos vai ajudar a criar uma app e um site para a JMJ, e isso vai ser muito importante, teremos streaming dos eventos. Será uma app para facilitar a vida de quem cá está, mas temos a sensibilidade de que haverá pessoas que não poderão vir e, independentemente do número de pessoas que estejam cá, queremos chegar às outras da melhor maneira possível.
Sabemos que as redes sociais são muito importantes, e todos os jovens que vão participar, dos 15 aos 30 anos, já são todos nativos digitais, e a nossa organização tem de contemplar essa dimensão.

 
Como será a participação de jovens dos países mais carenciados, como da CPLP e outros?
Temos vontade de ter um jovem de cada país do mundo, no mesmo encontro, com o mesmo espírito. Em relação à CPLP, os símbolos já estiveram em Angola e falamos com as conferências episcopais, e vamos fazer de tudo para que haja uma representação relevante de cada um desses países. Quanto aos outros países, temos uma equipa de relação externas que faz ligação com as conferências episcopais, vai sabendo o que é preciso e o que podemos ajudar do nosso lado... há um fundo de solidariedade que vai permitir ajudar pessoas que não tenham possibilidade de vir.
 
Que é financiado pelas inscrições?
Sim, no ato da inscrição é perguntado aos peregrinos se querem doar algo para o fundo de solidariedade, e esse valor é que é usado no fundo.
 
E de que outras formas é que o fundo se financia?
Será sobretudo com esse dinheiro, das inscrições de todo o mundo, mas poderemos receber donativos em específico para isso, claro.
 
Um ano antes, já estamos onde gostariam de estar naquilo que é a perceção das pessoas da JMJ?
Estamos no ritmo... queremos sempre que a perceção seja a melhor, mas estamos no ritmo certo. As coisas têm os seus tempos, há muito a acontecer no mundo, mas é mesmo assim. Agora temos um ano para dizer a todos que a JMJ vai acontecer aqui, e estamos com um bom ritmo.

 
Entrevista e fotos: Ricardo Perna
 
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