São três os jovens portugueses que estarão em Roma durante a próxima semana para a assembleia pré-sinodal com o Papa Francisco. Rui Teixeira é um dos escolhidos, e vai em representação da Conferência Internacional Católica do Escutismo (CICE), que congrega grande parte das associações católicas ou com escuteiros católicos de todo o mundo.
Este jovem de 30 anos é médico, e pertence ao agrupamento S. Paulo, da cidade de Setúbal. Fala de uma «honra» em ter sido escolhido, não só pessoal, mas para o próprio Corpo Nacional de Escutas (CNE). «Para mim é uma honra, e penso que para o CNE também, termos alguém que pode levar a força e o exemplo do CNE enquanto rosto do escutismo. Acho que estamos na vanguarda do escutismo, e é um privilégio», considera.
Esperam-no vários dias de reflexão e partilha, mas principalmente de «escuta». «O Papa fala disso, que é preciso escutar a todos, e ele quer colocar os jovens no centro, e é sábio ouvir as opiniões e inquietações dos jovens. A principal expetativa será ouvir o que os jovens e os representantes dos jovens de outros movimentos e conferências episcopais têm a dizer, porque haverá uma grande diversidade de opiniões», considera.
Uma escuta que depois se converte em partilha, para que outros escutem também o que o escutismo católico pode trazer à discussão pré-sinodal. Rui Teixeira fala de um método «único» que cativa milhões de jovens em todo o mundo. «O nosso método de abordar e trabalhar os jovens é único, um dos melhores, e temos de transmitir isso. Não esquecer que somos o movimento que agrega mais jovens católicos no mundo, e que temos uma linguagem e método próprio com os quais acompanhamos os jovens, e com bons resultados, quer do ponto de vista do desenvolvimento integral dos jovens, quer do ponto de vista do fomentar o diálogo entre os jovens com as várias realidades, e no escutismo tentamos incentivar este diálogo entre culturas, acho que é isso que podemos fazer. O escutismo está na linha da frente em muitos destes aspetos que podem ser falados no pré-sínodo», sustenta.
Para além da representação oficial da CICE, há um gosto pessoal deste jovem em participar numa reunião com o Papa, mesmo sem saber se terá oportunidade de falar com ele. « Não sabemos como serão as oportunidades, seremos 300 a 350 jovens. Teremos um ou dois momentos de conversa direta com o Papa, mas não sabemos quem falará. Ele está numa atitude de escuta, e será como um filho que fala ao pai, será nessa lógica que nos iremos dirigir. Claro que se pudesse falar com ele de forma mais demorada teria mais assuntos… (risos)», diz, de forma divertida.
Para além das questões internas do escutismo católico, que o Rui irá levar à assembleia dos jovens ali reunidos, toda a «riqueza» das questões do diálogo inter-religioso e do ecumenismo podem também ser uma importante fonte de partilha. «Corro o risco de ter de representar o mundo escutista de outras confissões religiosas também, pois não sei como vai ser a representação desse mundo assim, mas posso ter de falar sobre isso. Para mim, o diálogo inter-religioso e o ecumenismo é uma das grandes riquezas do escutismo, uma das grandes apostas que devíamos ter. A WOSM (Organização Mundial do Movimento Escutista) já foi condecorada pelo trabalho que faz no diálogo inter-religioso, mas não sei até que ponto a Santa Sé sabe disso. Eu gostaria de passar isso, mas não sei como irei fazer isso, caso tenha oportunidade para o fazer», espera este jovem.
Texto e foto: Ricardo Perna
A Família Cristã vai estar em Roma a acompanhar todos os momentos desta reunião pré-sinodal do Papa com jovens de todo o mundo. Acompanhe tudo na seção especial do nosso site em http://familiacrista.paulus.pt/sinodo-dos-jovens.
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