D. Armando Domingues, bispo auxiliar do Porto e membro da Comissão Episcopal da Laicado e Família, faz parte da delegação que a Conferência Episcopal Portuguesa trouxe ao Vaticano para o X Encontro Mundial das Famílias, e reconhece que é preciso «pensar a pastoral [da família] a nível nacional, a nível das dioceses, centrada mais nas famílias». «A Igreja sente que precisa de ver estas famílias a caminhar, serem capazes de viver uma missão junto das outras. A questão é saber como vamos conseguir que as famílias se tornam um grande movimento dentro da Igreja, se tornem famílias em ação, em missão, em saída», afirmou, em declarações à Família Cristã.
As crises da família, admite, «sentimo-las muito», mas admite que, «se não há famílias semente, líderes, capazes de caminhar à frente, é muito difícil» caminhar.
O prelado do Porto afirma que este é um Encontro que se está a viver com «muita alegria», numa «Igreja que há muito tempo diz que a Pastoral da Família deve ser feita com as famílias, não para as famílias», e fala do que é «ver famílias que, das suas próprias fragilidades, conseguem mostrar quão poderosa é esta célula da família se iluminada por Cristo e centrada em Cristo, onde as fragilidades, as provas, até às próprias separações e infidelidades, encontram em Cristo a salvação».
O Papa Francisco pede «um grande investimento de toda a Igreja», considera D. Armando Domingues, para que, antes sequer de ser um casal cristão, cada pessoa se sinta «chamada ao Amor, aquele Amor que Cristo semeou no coração de cada crente desde o Batismo».
Um dos problemas está na dificuldade de perceber que o sacramento do Matrimónio não é «um sacramento que se esgota» no dia em que é administrado, mas é «uma vocação que é um caminho de santidade, um sacramento a viver todos os dias». «Isto é um desafio a toda a pastoral, pois muitas vezes terminamos o curso de formação cristã na Primeira Comunhão, ou achamos que a Primeira Comunhão, como é um grupo inteiro, já são todos muitos cristãozinhos, vão continuar todos inteiros na Igreja... e o facto é que hoje damos conta que as pessoas têm o seu ritmo, as famílias têm o seu ritmo, e isto torna muito difícil a pastoral», sustenta.
Para D. Armando, «a melhor formação é a que se faz ao longo do caminho». «A família vai fazendo caminho, vai sentindo necessidade espiritual, para o seu crescimento e para vencer as crises, e é preciso formação complementar, que se vai buscar num retiro espiritual, numa formação, num estudo bíblico, em grupos que se formam... quantos destes casais estão inseridos em grupos de casais, em movimentos de casais, associações de ajuda às famílias», exemplifica.
Neste sentido, defende, é preciso «pensar como é que conseguimos proporcionar, nas comunidades e paróquias, formas e estruturas de formação contínua, num caminho que nunca para, numa família que está sempre a crescer e a deparar-se com dificuldades, com provas, tentações de separação, infidelidades... este é o grande desafio», conclui.
A reportagem em Roma no âmbito do X Encontro Mundial das Famílias resulta de uma parceria entre a Família Cristã, a Agência Ecclesia, o Diário do Minho e a Associação de Imprensa de Inspiração Cristã.
Texto e fotos: Ricardo Perna
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