A Bíblia fala muito pouco de São José e a ele não ouvimos uma única palavra. D. António Couto diz que «São José é mesmo assim. É uma figura absolutamente silenciosa, não desatenta e descuidada. Atenta e carinhosa, mas, todavia, não se lhe ouve nunca uma palavra». O bispo de Lamego, biblista, vê-o a assumir «um papel enorme na encarnação». O que sabemos de São José não é pela sua boca, mas pelos seus atos e pelos sonhos através dos quais Deus lhe fala. Características que Deus aceita e respeita. «O próprio Deus parece que concorda com José, ou pelo menos não discorda ou não quer mudar o estilo de vida de José. Deus respeita a maneira de ser de José e, quando quer comunicar com ele, comunica por sonhos.»
D. António Couto explica que o matrimónio de José e Maria, virgem casada, «era um matrimónio em ordem à proteção mútua: ambos orientados totalmente para Deus. Este tipo de matrimónio que não era destinado à procriação, mas à proteção mútua». No fim deste ano de São José, este bispo e biblista admite que «foi talvez um ano pobre. José, ainda que seja o homem do silêncio, merecia um pouco mais de barulho da nossa parte do que aquele que teve». Porém, acredita que não influencie negativamente a devoção ao pai terreno de Jesus. «São José está na alma e no coração do povo. Está de tal maneira embrenhado na alma do povo que já ninguém o vai tirar.»
E São José tem ensinamentos para os homens de hoje: «sempre que nasce um filho nas nossas casas de hoje, nas nossas famílias de hoje é a mão de Deus que está ali bem presente» e ensina a «saber ler a vida em dois teclados: um é o teclado da história empírica que está lá, como está a de José e de Maria; outro teclado é o teclado de Deus em que se ouve a música de Deus. Devemos articular estes dois teclados. Este era o segredo principal das figuras do presépio: é tudo claramente o teclado superior, da mão de Deus».

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