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«Se me tornei católica, foi graças ao Movimento Escutista»
24.10.2018
À semelhança do pré-sínodo, em que o representante foi um português, o escutismo católico está representado no Sínodo dos Jovens por uma jovem, que veio da Guiné-Conacri para, pela primeira vez, pisar terras europeias e participar num sínodo.

 
Henriette Camara tem uma história de vida de conversão ao catolicismo ligada diretamente ao escutismo. Sendo proveniente de uma família muçulmana, foi acolhida no escutismo católico sem qualquer tipo de «discriminação». «Eu fui acolhida por este movimento, apesar de não ser cristã, porque era muçulmana; depois, no seguimento dos meus estudos, fui acolhida por uma família cristã, que acompanhava à Igreja, todos os domingos – os filhos e os meus amigos. Pouco a pouco, comecei a amar o próprio Cristo, sem que me tivesse apercebido», conta.
 
Mais tarde, e depois de assistir «a algumas atividades e a um campo que os escuteiros organizaram no meu país», «aderi ao movimento e fui acolhida sem discriminação, sem ter em conta o que eu tinha sido», afirma, orgulhosa.
 
A adesão à religião católica não foi bem acolhida pela família, e também a família escutista ajudou no processo. «A minha mãe não aceitou a minha conversão, e aos 14 quando regressei a casa, a família deu-se conta que tinha mudado de religião. Mas eu sou forte e o movimento escutista acolheu-me sem dar importância ao lugar onde estava, e isso deu-me força», conta. É por isso que está bastante agradecida ao escutismo, não só pela conversão, mas também pela possibilidade da presença no Sínodo.

 
Levar ao Sínodo as preocupações dos jovens escuteiros
Henriette está particularmente contente pela sua participação aqui na aula sinodal. «Cheguei tarde, mas fui muito bem recebida, como se estivesse em casa. Estávamos todos juntos com bispos e cardeais, e com o Papa!, senti-me muito emocionada no início, foi avassalador estar com tantos bispos e com o Papa», referiu a jovem em conferência de imprensa.
 
Aos jornalistas, Henriette explicou que «não sabe o resultado» final dos trabalhos, mas afirma que os jovens estão a «dizer à Igreja o que esperamos da Igreja, dos padres sinodais e do Papa. Com esta experiência conseguimos expressar a nossa preocupação, o que guardamos em nosso coração», afirma.
 
À margem da conferência de imprensa, a jovem falou para a Família Cristã e explicou como o Escutismo é «um movimento muito forte, bonito e bem vivo». A jovem chegou mais tarde aos trabalhos sinodais e logo no dia de chegada teve de intervir. «No intervalo, houve bispos, padres, cardeais que vieram ter comigo para me dizer: “Ah, sim, tínhamos ouvido falar que o Escutismo ia estar representado, hoje finalmente vemos-te”. E felicitaram-me em relação à pequena mensagem que deixei, em nome dos escuteiros, neste sentido».

Henriette Camara a preparar os trabalhos na aula sinodal 
O tema do acolhimento dos jovens na Igreja, que tem sido muito abordado neste sínodo, é uma das faces mais visíveis do movimento escutista. Em muitos países, como é o caso de Portugal, são muitos os jovens que aderem à Igreja Católica porque entram no movimento escutista. Henriette Camara é uma das faces visíveis desse acolhimento, que pode ser vir de exemplo para outros movimentos. «O próprio movimento permitiu-me avançar ainda mais em relação a Cristo: a catequese, o Batismo, a Confirmação, conhecer a Eucaristia. Tudo isto aconteceu graças ao movimento, portanto, onde quer que eu vá, mostro orgulho em ser escuteira, e tenho orgulho de representar este movimento, agora, no Sínodo dos Bispos, a convite do Papa», afirmou à Família Cristã.
 
Esta jovem considera que os jovens querem «ser escutados, ter o nosso lugar, como jovens, nas várias paróquias, dioceses», e é por isso que vieram ao Sínodo transmitir as suas preocupações e as dos «jovens que não puderam vir», e Henriette garante que lhe foi dito, pelos bispos e padres sinodais, que «é preciso que os jovens estejam cá, que lhes demos espaço, o seu tempo de liberdade, para que eles se possam exprimir e dizer o que eles sentem, mais profundamente». Até porque, afirma, «o Sínodo, como foi projetado pelo Papa, tem os jovens no centro».
 
Sobre a importância da ligação do escutismo à Igreja Católica ou à religião, que nem sempre é bem acolhida em alguns países, Henriette Camara afirma que o «escutismo é um movimento de serviço, certamente, mas conhecer mais e melhor Jesus Cristo é incomparável». «Não podemos viver sem rezar», concluiu.

 
Quando o Sínodo terminar, começa o desafio que já muitos falaram de levar os frutos da reflexão até às igrejas locais. «Aprendi muito, e o resultado quero agora devolver aos outros o que vivi aqui. Devemos falar de como difundir a mensagem que recebemos neste Sínodo e agradeço ao Santo Padre dar-nos esta oportunidade de termos um lugar onde nos expressarmos», sustenta.
 
A reportagem do Sínodo dos Bispos é realizada em parceria para a Família Cristã, Agência Ecclesia, Flor de Lis, Rádio Renascença e Voz da Verdade.
 
Texto e fotos: Ricardo Perna
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