O arcebispo de Braga questiona se falta amor nas pessoas que vão à missa. Em tom de provocação, D. Jorge Ortiga pergunta: «Será que acolhemos verdadeiramente aquilo que a Eucaristia nos diz, que ela nos provoca a ser um testemunho, um sinal uma manifestação, semeando esperança, indo ao encontro das situações mais delicadas da vida humana e em nome de Jesus Cristo transformarmos este mundo numa sociedade diferente?»
O arcebispo participava na apresentação do livro com CD
As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz. «Teremos falta de Eucaristias na cidade de Braga, ou teremos falta de amor nas pessoas que frequentam a Eucaristia na cidade de Braga?», questiona. Lembrando que na cidade, todos os fins de semana se celebram 112 Eucaristias, deixou perguntas: «O que é que estas Eucaristias poderiam provocar, na Igreja e na sociedade, se efetivamente elas fossem momento de encontro com Jesus Cristo?» D. Jorge está «convencido de que 112 Eucaristias ao fim de semana poderiam fazer muito mais nesta cidade de Braga».
O prelado olha para as últimas palavras de Jesus na Cruz e defende que «seria muito importante pegar nestas palavras de Jesus Cristo e ver se elas não estão presentes em várias situações da nossa sociedade». O Arcebispo de Braga deseja que o livro possa ser «um instrumento que a Igreja coloca ao serviço de todos para provocar este amor mais apaixonado por Jesus e, em Cristo, pela sociedade.»
A obra foi apresentada no passado sábado, na Basílica dos Congregados, em Braga, e transpõe para o livro e CD o que se passou no ano passado.
O Pe. Paulo Terroso, reitor da Basílica, explicou a origem deste projeto que, anualmente, no Domingo de Ramos, é apresentado nesse local e partilhou o desejo antigo de que este projeto se pudesse transpor para uma publicação. «Às vezes na vida precisamos de acender o rastilho, de uma chave na ignição, para provocar algumas questões. Depois, a partir dali, começa um processo que talvez nos leve ao encontro com Jesus Cristo e, a partir daí, a vida mude. É esse o objetivo deste livro.»
Durante a apresentação, o Quarteto Verazin interpretou a obra de Joseph Haydn. É possível ouvir no livro com CD toda a interpretação. O Pe. José Carlos Nunes, diretor-geral da PAULUS Editora, salienta que se trata «um projeto de alta qualidade e que merecia não ficar apenas em Braga, mas que merecia chegar a um público mais vasto. Porque as coisas boas não podem ficar fechadas». O sacerdote paulista quer que a obra chegue a todos «crentes ou até mesmo não crentes, que pegando nestas reflexões possam encontrar-se consigo mesmos e até mesmo com o mistério do sofrimento, da redenção e da vida».
Mário Vila Nova, da Irmandade dos Congregados e o responsável pela gravação, destaca que «foi uma caminhada feita em conjunto, com uma grande generosidade de todos os envolvidos que se disponibilizaram a participar».
As reflexões em 2018 foram da autoria do Pe. Pablo Lima, sacerdote da diocese de Viana do Castelo e professor da faculdade de Teologia da Universidade Católica de Braga. O autor não pensava publicar osas meditações, mas acabou desafiado a fazê-lo. Respondendo a uma pergunta frequente, «se ainda são atuais e se ainda têm algum significado estas palavras, passados dois mil anos», o Pe. Pablo Lima responde que «as circunstâncias que nós vivemos hoje tornaram ainda mais dramática para muitas pessoas a vida e a morte. Talvez hoje não haja uma, mas muitas cruzes espalhadas um pouco por todo o lado. Portanto as palavras que Jesus disse do alto da cruz naquela tarde terrível, no calvário, são hoje ainda mais significativas do que naquele tempo.»
As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz contém reflexões escritas e narradas pelo Pe. Pablo Lima, com dramatização do ator Miguel Guilherme e acompanhadas pela magnífica execução da obra homónima de Franz Joseph Haydn pelo Quarteto Verazin, o quarteto de cordas residente do Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim.