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Travar «êxodo de África para a Europa»
05.06.2015


A quantidade de imigrantes que tem chegado às costas da Europa está a preocupar o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário. Em entrevista à Família Cristã, o governante afirma que é preciso pôr um travão no «êxodo de África para a Europa», sem descurar os «problemas humanitários graves» que se vivem lá, porque a Europa «não pode» receber tantos refugiados. «É uma loucura pensar que a Europa vai receber milhões de refugiados, não vai», defende José Cesário. «Por mais solidários que sejamos, não há condições para isso», acrescenta, pelo que, na sua opinião, as fronteiras deverão permanecer encerradas.

A resposta está, no entender do secretário de estado, no trabalho que as Organizações Não-Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD) fazem nos países de onde saem estes imigrantes. «As ações de cooperação têm de ser ações que se destinem a promover desenvolvimento em países que precisam desse desenvolvimento», coisa que, diz, atualmente, não sucede. «Fizemos coisas interessantes até hoje, mas desperdiçou-se muito dinheiro», lamenta, afirmando que «temos de ser mais exigentes e realistas». «A cooperação não pode servir para satisfazer apenas as ONGD europeias, tem de haver desenvolvimento real», sustenta.

O papel destas ONGD passaria, portanto, por criar condições nos países em desenvolvimento para que os seus habitantes não necessitem de sair do país para procurar melhores condições de vida. «Para estes dramas, que são globais e não se vivem apenas em África, só vejo mesmo a solução de tentar que haja condições nesses países ou em países vizinhos para que as pessoas tenham níveis de desenvolvimento grandes e possam fixar-se lá», diz José Cesário, distinguindo os cenários de países pobres e de países em guerra.

«Quando há guerra, há guerra, e a guerra traz situações excecionais. Aquilo que vivemos, por exemplo, na Síria, é um conflito alargado, complexo e delicado, que vai continuar a provocar muitos refugiados», avisa, alertando para as «obrigações» que a comunidade internacional tem para ajudar na resolução do conflito. «A comunidade regional à volta tem obrigações de acolhimento daqueles refugiados, não é apenas a comunidade europeia. Há países chave com os quais temos de aumentar a cooperação, como é o caso da Turquia», defende o político.

O risco de «radicalismos» na população europeia
A preocupação com a situação não está relacionada apenas com os refugiados, mas com o perigo que este «êxodo» representa para a União Europeia (UE). «A UE foi criada para resolver os seus problemas económicos, de aproximação entre os povos, de criar paz... e para permitir que houvesse uma circulação normal de mercadorias, empresas, capitais e pessoas. Evidentemente que essa circulação pode ser parcialmente posta em causa se houver essa entrada massiva, e é preciso lidar com estas situações de forma delicada», diz José Cesário.

Não o fazer é abrir as portas à discriminação e ao radicalismo. «Temos de evitar que o cidadão europeu se sinta prejudicado pela entrada de outros cidadãos, e tem de se ter muito bom senso para evitar a entrada em cena de radicalismos», avisa.

Por isso, vai dizendo que é «necessários estabilizar a situação na Líbia, onde «existem corredores de passagem» para estas pessoas em direção à Europa que são «aproveitados pelos gangues internacionais de tráfico de pessoas, que ganham milhares de milhões de dólares com este fluxo».
 
Texto e Fotos: Ricardo Perna
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