O Papa nomeou hoje, pela primeira vez, três mulheres como membros do Dicastério para os Bispos, estrutura da Cúria Romana que acompanha o processo de nomeações episcopais em todo o mundo.
As escolhidas foram as irmãs Raffaella Petrini, secretária-geral do Governorato do Estado da Cidade do Vaticano, e Yvonne Reungoat, antiga superiora geral das Filhas de Maria Auxiliadora; e Maria Lia Zervino, presidente da União Mundial das Organizações de Mulheres Católicas.
Para além destas nomeações, o Papa opera uma pequena revolução dentro do Dicastério, que era a antiga Congregação para os Bispos. Dos membros nomeados hoje pelo Papa, apenas três são atuais cardeais, sendo que os outros oito são prelados que apenas serão feitos cardeais no consistório de agosto. No site do Dicastério estes são os únicos membros que se encontram identificados, embora a
America, a revista dos Jesuítas, indique que estes membros se juntam aos já cerca de 30 que faziam parte da estrutura que escolhe e dá formação aos bispos de todo o mundo.
Entre os novos membros do organismo da Santa Sé encontra-se também D. José Tolentino Mendonça, cardeal português, arquivista e bibliotecário da Santa Igreja Romana, e o cardeal Mario Grech, o homem forte do Sínodo dos Bispos. O processo de nomeação de bispos tem sido alvo de críticas não só em Portugal, mas em várias das sínteses que se têm conhecido da escuta feita no âmbito do Sínodo dos Bispos, o que poderá significar que também esta estrutura vaticanista poderá sofrer alterações em conta do que possa surgir no Sínodo.
Será de esperar que seja anunciado em breve o nome do novo prefeito, assim como de todos os dicastérios criados pela nova constituição apostólica. Fiará também sob a alçada deste Dicastério a Pontifícia Comissão para a América Latina, liderada por Emilce Cuda, outra mulher.
Numa recente entrevista, o Papa tinha anunciado a nomeação de mulheres para este dicastério, admitindo designar leigas para cargos de liderança, com a implementação da Constituição Apostólica Praedicate Evangelium que reforma a Cúria Romana.
O documento, publicado a 19 de março, determina que «qualquer fiel pode presidir a um Dicastério ou a um Organismo, no respeito da peculiar competência, poder de governo e função dos mesmos».
Nos últimos anos, Francisco nomeou, pela primeira vez, uma mulher como “número 2” do Governatorato da Cidade do Vaticano, a irmã Raffaella Petrini; já a irmã Nathalie Becquart foi designada subsecretária do Sínodo dos Bispos, sendo a primeira mulher com direito a voto nas assembleias sinodais.
Barbara Jatta, atual diretora dos Museus do Vaticano e a brasileira Cristiane Murray, vice-diretora da Sala de Imprensa Santa Sé, também foram nomeadas pelo atual Papa.
Em 2017, Francisco nomeou duas subsecretárias para o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Gabriella Gambino e Linda Ghisoni; a religiosa espanhola Carmen Ros Nortes trabalha como subsecretária na Congregação para os Institutos de Vida Consagrada, sendo a terceira mulher a exercer essa função.
Texto: Ricardo Perna (com Agência Ecclesia)
Foto: Vatican News
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