Todos sabemos que este vai ser um Natal diferente. Estamos certamente já cansados de viver com as restrições e os riscos de uma pandemia que tarda em passar. De certa forma, e em particular para as famílias mais numerosas juntando várias gerações, o contacto tem sido certamente limitado nos últimos meses e o Natal deveria ser a grande oportunidade para o convívio no contexto da celebração do nascimento de Jesus. Tudo indica que a separação entre muitos irá permanecer durante mais tempo.

Com a mobilidade limitada, incluindo a disponibilidade para ir às compras e com menos familiares e amigos presentes, este ano podemos inverter um pouco a nossa forma de viver o Natal. Se há época de reunião por excelência, o Natal é sem dúvida o expoente máximo. Porém, é também símbolo de um enorme consumismo e de desperdício, de compras muitas vezes desnecessárias de bens que têm uma grande pegada ecológica e que não ajudam propriamente a economia local e quem mais precisa.

Quando a proximidade entre as pessoas, que é certamente um dos aspetos mais importantes na construção da nossa felicidade e dos outros, está em causa nesta época, podemos aproveitar para valorizar os momentos com a família mais próxima, comprando menos presentes ou selecionando produtos efetivamente duráveis ou bens alimentares regionais ou atribuindo donativos a instituições que precisam da nossa solidariedade.

Os sinais de transformação causados pela pandemia já começam a ser visíveis nas correntes de solidariedade, na capacidade de adaptação rápida de muitas empresas, na disponibilização de eventos culturais diferentes mas para toda a população, na capacidade de adaptação de todos a novas formas de comunicar e de trabalhar a partir de casa. Se agirmos com sapiência e coragem, esta crise pode ser superada através da união de esforços na transformação dos modelos socioeconómicos, focando-nos no bem-estar das pessoas e no estabelecimento de uma relação de equilíbrio e respeito pelos limites do planeta. Votos de um Feliz Natal.