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Uma missa de «memória, tributo e apreço» pelas vitimas da pandemia
14.11.2020
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse hoje em Fátima que a atual pandemia deve reforçar o «apreço» da sociedade pela vida, multiplicando esforços na sua defesa. «A crise tem-nos mostrado que o sofrimento e a morte não podem ser confinados e que só juntos, com o esforço e a responsabilidade de todos podemos construir um mundo aceitável para todos, em que nos cuidemos mutuamente. Assim como a dimensão do sofrimento e da morte são universais, assim também deve ser a defesa e o cuidado dela», referiu D. José Ornelas, na homilia da Eucaristia pelas vítimas da Covid-19, a que presidiu na Basílica de Santíssima Trindade.


A celebração contou com a presença de 20 bispos católicos; do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa; do primeiro-ministro, António Costa; e de várias entidades públicas que se quiseram associar a esta homenagem de oração pelas vítimas, diretas ou indiretas, da pandemia.

A iniciativa, explicou o presidente da CEP no início da Missa, quis «recordar os irmãos que partiram», num momento de oração. D. José Ornelas apelou, na sua homilia, a uma mobilização incondicional da sociedade para defender a vida «com responsabilidade, competência e generosidade». «A pandemia que está a condicionar todo o planeta coloca-nos diante da evidência do dom precioso que é a vida humana e de todas as capacidades de que somos capazes para a defender, mas igualmente da fragilidade do nosso ser individual», apontou.

O bispo de Setúbal rezou por «aqueles que partiram como vítimas diretas e indiretas da pandemia», sublinhando que eles não são «números de uma estatística».

Numa alusão indireta ao processo legislativo que visa a legalização da eutanásia, o presidente da CEP elogiou o «quanto a sociedade está disposta a investir» para defender e apoiar a vida, «embora, tantas vezes, não seja coerente com esses objetivos», pedindo «proximidade e verdadeira misericórdia para com a fragilidade». «Se aprendermos desta epidemia a cuidar uns dos outros e juntos deste mundo, teremos feito justiça e boa memória dos que partiram e dos esforços de quantos os acompanharam na última etapa da vida nesta terra», acrescentou.

Durante a celebração, os participantes rezaram para que os responsáveis políticos «promovam medidas justas, de caráter sanitário, social, económico, cultural e espiritual, que permitam levar esperança a toda a sociedade». No final, D. José Ornelas pediu que todos sejam «respeitadores e propagadores de vida». «Que possamos levar sempre o sinal da esperança, de que Deus é maior do que todas as nossas crises. Com Ele, nós venceremos também esta», concluiu.


Presidente da República elogia Igreja Católica
O presidente da República Portuguesa elogiou hoje em Fátima o «comportamento exemplar» da Igreja Católica durante a atual pandemia, após participar na Missa pelas vítimas da Covid-19, promovida pela Conferência Episcopal. «Eu queria assinalar, agradecer muito à Igreja Católica, que tem sabido interpretar os valores da vida e da saúde, que são valores essenciais para o Cristianismo. Nessa medida, tem sido exemplar, nas celebrações, todas elas, aqui em Fátima», disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, no final da celebração.

O chefe de Estado deu como exemplo as decisões de abdicar das celebrações públicas, no 13 de maio, e a forma como foi assinalado o 13 de outubro, com lotação limitada no recinto da Cova da Iria, considerando que «foram esforços muito grandes». «O que tem feito a Igreja Católica é verdadeiramente exemplar, de serviço a valores fundamentais e de serviço à comunidade portuguesa», acrescentou.

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) publicou esta sexta-feira uma nota sobre o novo estado de emergência, com apelos a comportamentos responsáveis. O presidente da República sublinhou esta preocupação com o «controlo sanitário», dentro dos templos, e de «recomendação às famílias», fora dos mesmos, para evitar «formas de comportamentos e de celebração que acabam por arriscar o que se quis prevenir» nas cerimónias religiosas.

Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa conversaram com D. José Ornelas, presidente da CEP, agradecendo pelo contributo da Igreja Católica na luta contra a Covid-19.

O presidente da República disse que a forma como vai decorrer o Natal, nomeadamente as celebrações religiosas, vai ainda ser objeto de «reflexão». «Tudo isso vai ser objeto da audição dos partidos políticos e de reflexão. Vamos pacientemente olhar para isso», afirmou.

Antes da Missa, o bispo de Setúbal disse aos jornalistas que esta Missa quis unir o país na «memória, tributo e apreço» por aqueles que partiram. «É uma celebração que todos sentimos bem no coração, independentemente do credo que tenhamos. Todos nos concentramos com atenção e emoção naqueles que nos deixam. É algo universal», observou.

 
Texto: Ricardo Perna (com Agência Ecclesia)
Fotos: Arlindo Homem/Agência Ecclesia
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