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Venezuela: situação cada vez mais grave
11.06.2018
A situação na Venezuela é cada vez mais grave e a União Europeia vai disponibilizar 35,1 milhões de euros para o país. A verba destina-se a ajuda humanitária e ao desenvolvimento neste país e nos vizinhos. Em comunicado, a União esclarece que cinco milhões de euros são para ajuda humanitária, assistência médica, comida e água para as populações mais vulneráveis do país. Igual valor será destinado a prevenir conflitos sociais e violência e à proteção dos deslocados. A maior fatia da ajuda, 25 milhões de euros, financiará ajuda à população que se refugou nos países vizinhos, como o Brasil.

Famílias venezuelanas em abrigo no Brasil. Foto: ACNUR

Recentemente, em março, o Alto Comissariado para os Refugiados (ACNUR) lançou um apelo de apoio internacional para a Venezuela. No relatório, a organização considerou que «os desenvolvimentos políticos e socioeconómicos na Venezuela conduziram ao deslocamento de cerca de 1,5 milhões de venezuelanos para os países vizinhos e para além disso. Adicionalmente os nacionais de outros países residentes no país, em particular colombianos e famílias mistas de colombianos-venezuelanos residentes no país também o deixaram». A situação é tão grave que «o número de chegadas aos países vizinhos aumentou para 5000 por dia no início de 2018». Só na Colômbia, desde 2014 já entraram no país 600 mil venezuelanos.

Centenas de pessoas chegam ao Peru. Foto: ACNUR.

A crise económica também tem afetado as crianças. A UNICEF revela que há acesso limitado a serviços de saúde, medicamentos e comida. «Um número cada vez maior de crianças da Venezuela sofre com a desnutrição», alerta a organização que pede um longo de curto prazo.

Uma grande comunidade de emigrantes portugueses vive na Venezuela. De acordo com o Governo Regional da Madeira, de onde são originários muitos, cerca de três mil já regressaram a Portugal.

No país, a Fundação AIS (Ajuda à Igreja que Sofre) e a Cáritas lançaram uma campanha para alimentar as famílias mais carenciadas. «Enchamos as panelas» já disponibilizou refeições para 15 mil pessoas. Até ao final do ano o objetivo é chegar ao dobro. Em comunicado, a Fundação AIS cita o Arcebispo de Caracas, Cardeal Jorge Urosa Savino, que diz que se vive «uma tragédia terrível» na Venezuela.

 No final do ano passado, o bispo de La Guaira esteve em Portugal. À FAMÍLIA CRISTÃ, disse que «há uma grande carência de alimentos e medicamentos» e os que há são a preços que as pessoas não conseguem pagar. «Todos os dias, quando saímos à rua, deparamo-nos com pessoas a procurar algo para comer no lixo; pessoas que vêm todos os dias às nossas paróquias pedir algo, porque não comem há dois ou três dias; doentes que não têm medicamentos», dizia D. Raul Castillo. A pobreza e a fome chegam a todos, religiosos incluídos. «Nós sofremos as mesmas carências que os outros. Recentemente encontrei um sacerdote, vinha a chorar, pensei que tinha um problema mais grave e que lhe tinha acontecido alguma coisa, e ele disse-me “eu não como há dois dias”.»


Texto: Cláudia Sebastião
Fotos: Fundação AIS e ACNUR
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