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Violência no namoro: Prevenção é crucial
28.06.2021


Cátia Almeida é pedopsiquiatra e coordenadora do PTC - Protege o Teu Coração. Acompanha algumas  jovens vítimas de violência no namoro. «“Ele não me deixa ir a lado nenhum, tem de estar sempre a controlar o telemóvel.” “Se eu tenho trabalho de grupo e se ele sabe que no trabalho de grupo há lá outros rapazes, já não me deixa fazer o trabalho.” “Se eu chego a casa e não lhe mando uma mensagem…” Começamos já aqui com questões de posse e de domínio e até de humilhação, de não poder falar com ninguém. Isso é uma prisão e eu pergunto “mas tu gostas dele?” e a resposta costuma ser “oh, ele diz-me que eu sou bonita”. São coisas de quem tem uma autoestima tão em baixo, tão pouco estruturada, e segundo, de quem não tem os afetos, não tem esse patamar de carinho, de segurança em casa, e portanto ao primeiro que lhe diz “tu és bonita” “eu entrego-me a este”.» [...] Até o controlo é confundido com carinho e com preocupação. O que é que faltou lá atrás?» É o testemunho de Cátia Almeida, pedopsiquiatra, da sua prática clínica com jovens.
Como ajudar a perceber que se está numa relação abusiva? Cátia diz que «um namoro bom é aquele que faz desenvolver as tuas cinco dimensões, e se alguma destas dimensões está a ser atrofiada com o teu namoro é porque não é um bom namoro: “um namoro que te encerra na tua dimensão social, em que as tuas amigas dizem assim ‘desde que começaste a namorar nunca mais ninguém te pôs os olhos em cima’, não é um bom namoro”».

Entrevista conduzida e editada por Cláudia Sebastião