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Vítima alienação parental: «Manipulação estava sempre lá»
09.04.2019


Mafalda tem 19 anos. Os pais separaram-se quando tinha 12. É vítima de alienação parental. «Entretanto fui viver com o meu pai, mas tinha residência alternada com a minha mãe. Até que começou a haver uma série de incumprimentos por parte do meu pai. Houve temporadas grandes que não estivemos com a minha mãe. A minha mãe ia sempre à escola e tentava marcar alguma presença e isso descansava-nos imenso. Não lhe falávamos, mas sabíamos que ela estava lá.» Esta jovem conta que o pai «nunca dizia não vão para a vossa mãe, fazia com que fosse nossa escolha, nossa responsabilidade». Mafalda afirma que «era um poder de manipulação tal, foram criadas falsas memórias. Hoje ainda tenho de perguntar à minha mãe se isto acontecia ou não».
As visitas à mãe eram nesse período difíceis. «Nós os três não nos largávamos. Não íamos comer à mesa, não saíamos de casa. Sentíamos exatamente aquele peso, aquela necessidade de agradar, mesmo o meu pai não estando presente. Essa manipulação estava sempre lá», conta. As coisas foram mudando lentamente com a ajuda de uma psicóloga que ia a casa da mãe. «Odiávamos, achávamos que era uma invasão de privacidade, mas ajudou muito. Começámos a ir comer à mesa, começámos a falar de uma forma menos agressiva. Até que fomos indo ao cinema, fomos crescendo e fomos percebendo que aquilo não fazia sentido. Ele dizia “vocês unem-se. Vocês não querem estar com ela”. Nunca dizia para não sairmos do quarto. Ele dizia que servia de pai e de mãe. Mas eu dizia que queria a minha mãe.»

Ouça também a entrevista com o juiz Pedro Figueiredo aqui: Alienação é «violação de direito da criança de conviver com os dois pais»

Estas entrevistas fazem parte de um artigo mais longo publicado na edição de abril da FAMÍLIA CRISTÃ.